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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

ESPECIAL CARNAVAL
Guia de sobrevivência para micaretas

Desfiles, bailes, orgias... Existem muitas opções do que se fazer no carnaval, de acordo com seus gostos e possibilidades econômicas. Ano passado eu participei do carnaval de São Luis do Paraitinga e aquele pareceu ser o tipo ideal para mim: blocos de rua, marchinhas com letras incompreensíveis, cidade pequena e botecos baratos. Mas a falta de dinheiro e a ira do próprio Deus em pessoa impediram que eu repetisse de opção em 2010 e fui obrigado a escolher por uma viagem mais acessível: o carnaval de Cerquilho.

Não me levem a mal, eu estava satisfeito com isso, mas é que o estilo deste carnaval me deixou um pouco inseguro. O que acontece lá é algo semelhante a uma micareta, você sabe, trios elétricos, música ruim, abadás e gente suada que pode se utilizar de truculência para te agredir ou para te amar.

É. Isso aí

Porém, minha experiência foi bem sucedida e agora ofereço algumas dicas para você que pode acabar perdido num role desses. Seguindo esse manual você não apenas conseguirá divertir, como também irá evitar DST’s e lesões corporais graves.

Música: Relaxe e deixe seu lado trash aflorar

Ok, é um item muito óbvio, mas vale a pena reforçar: a música que toca por aqui é horrível, muito ruim mesmo, puta que pariu. Pense na seqüencia Claudia Leite, Chiclete com Banana, Inimigos da HP, algum funk de putaria aleatório, Inimigos da HP tocando cover de Mamonas Assassinas e Ivete Sangalo. Agora pense nesse playlist sendo repetindo milhares de vezes pela noite toda. É isso que você vai ouvir. Mas não deixe seu senso critico arruinar sua diversão. Invente coreografias patéticas, faça paródias engraçadinhas das letras e deixe o que há pior de você em termos musicais emergir e aproveitar a balada. Talvez você dê sorte e ouça algum pagodão anos 90 ou a Macarena e se divirta pra valer. Para facilitar o processo, recorra a ele, o álcool. O que nos leva ao nosso próximo item.

Bebidas: Pechinche e aposte nas pingas de metro

A minha estratégia para arruinar a sobriedade era a seguinte. Chegar ao carnaval de rua com um drink preparado em casa, no caso um podrão numa garrafa de Gatorade (podrão = Pinga + Tang + água). Garrafa esvaziada, as opções de compra no local eram 2 latas de cerveja por 5 reais, vodka com energético por 5 reais e as famosas pinga de metro, 2 por cinco reais. As pingas de metro são comumente associadas a micaretas e a gente de camisa regata, mas eu acho isso muito injusto. É uma forma bem decente e divertida de se intoxicar. Eu não sou médico nem nada, mas algo em prender a respiração e sugar cachaça colorida pra dentro do seu organismo faz com que o “grau” chegue mais rápido. Uma dica importante: Sempre tente pechinchar, principalmente no final da noite. Nessas horas é quase certeza que vai dar certo, os vendedores vão estar loucos pra se livrar da mercadoria.

Pegação: Um retorno aos tempos neolíticos

Sim, esse é um ambiente de promiscuidade. Promiscuidade em série, eu diria. Ao beijar alguém, saiba que você estará beijando nove pessoas por tabela. Isso é um fato cientifico. O excesso de pessoas no mesmo lugar, o calor, suor e a ebulição hormonal tornam o ambiente propício para pegadas relâmpagos, abusos sexuais e nenhuma, nem mesmo remotamente, troca de idéias interessante. São os tempos das cavernas de volta! Se você é mulher, prepare-se para ser puxada, agarrada e descabelada. Se você tiver sorte e encontrar um Romeu, você poderá ser cortejada através de citações inspiradas como: “E ai, tem jeito?” ou “Chega mais”. Se você é homem, bem, prepare-se para puxar, agarrar e descabelar meninas, por que aparentemente, é isso que funciona. Mas cuidado, nesse ritmo frenético você pode acabar apalpando “objetos estranhos” (tipo um pênis... de um homem). Agora, se você namora... que porra você ta fazendo aqui? Retardado.

Brigas: Não banque o herói e se divirta com os imbecis

Este era o item que mais me preocupava. Você pode ter uma certeza sobre um local que acumula centenas de mulheres “acessíveis” e um bando de bombadinhos que amarram bandanas em seus bíceps: pessoas irão brigar, como bisões enfurecidos batendo cabeça sem nenhuma razão lógica pra isso. Eu não sou exatamente um cara forte e também não tenho grandes habilidades marciais. Também não sou muito corajoso e geralmente não estou muito disposto a lutar para justificar meu orgulho macho.

Logicamente, a possibilidade de ficar na mira de um punho anabolizado não me era muito agradável. Mas logo meus medos foram dissipados, por quê: 1° - você realmente tem que provocar alguém pra se meter em confusão, tipo, passar a mão na bunda da namorada de alguém, ou na bunda do próprio cara. 2°- é verdade que tem certos tipos que só estão lá pra brigar e tal, mas eles só o farão se você der algum motivo. Peça desculpas se alguém te empurrar, saia de perto se você ver que a coisa pode ficar feia e não banque o machão, porra! Esses caras andam em bando e são covardes o bastante pra chutar alguém caído no chão.

Dito isso, eu posso assegurar que uma das coisas mais hilárias desse carnaval foi assistir a um bando de neandertais cujos Q.I’s somados não alcançariam três dígitos se digladiando por uma menina que não conseguiria trabalho nem em um vintão da Cracolândia. Isso até chegarem os seguranças e enxerem todos eles de porrada. Garantia de risadas, minha gente.

Bom, acho que essas são as principais dicas que posso dar. Fora isso, siga as regras de etiqueta básicas que você segue em qualquer lugar. Coisas como não urinar em meio a uma multidão, não jogar voleibol com uma camisinha cheia de cerveja próximo a um destacamento da guarda civil, e resistir a tentação de atirar objetos nos otários que ficam em cima dos trios elétricos. Relaxe, aproveite, ignore a voz do bom senso e garanta uma boa diversão.

Ah é, e use camisinha. Isso se você tiver sorte o bastante pra isso, perdedor.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

DORGAS
como elas afetam o sexo
de acordo com a ciência (e usuários)

Sexo, drogas e rock’n roll. Assim como você, eu penso exatamente a mesma coisa quando ouça essa frase: “Será que dá pra fazer essas três coisas ao mesmo tempo?”. Bem, vamos deixar a parte mais simples da equação de fora e nos concentrar no lance sexo+drogas e tentar descobrir o que acontece com sua cabecinha pervertida e com suas ferramentas de diversão* quando você fica legalmente chapado.

Para evitar ser influenciado pelos exageros dos “narcóticos anônimos” da vida que dizem que no momento que você traga um baseado você está condenado a virar um lixo humano que paga boquete embaixo da ponte por uma pedra, e também pelos clichês de zé droguinhas de merda que acham um charme injetar morfina nos bagos, vamos cruzar informações entre duas fontes de extrema confiabilidade: o Yahoo answers e o site das Garotas de Programa da Grande BH (não, isso não é uma piada http://www.gpgbh.com.br/drogasesexo.htm:)

* metáfora para genitálias, sacam?

Álcool

O que a medicina diz?

Quando tomada em pequenas quantidades é considerada desinibidora e afrodisíaca. Se tomada em grandes quantidades, embora possa provocar o desejo sexual, ela acaba com o desempenho, pois inibirá a resposta sexual, como a perda da ereção, por exemplo. Com o uso por tempo prolongado, provocará diminuição no desejo, rebaixamento do nível do hormônio testosterona e bloqueio ejaculatório.

O que os usuários dizem?

Mone:

“Um pouco de bebida pode desinibir e deixar a pessoa mais relachada, mas se a quantidade for maior pode prejudicar a relação, pois o nosso corpo passa a funcionar mais lentamente e isso pode interfeir no desempenho sexual, é mais ou menos como beber e dirigir”.

MorenaSC…:

“Bebida deixa a pessoa mais cara-de-pau, estimula o prazer, o desejo, entre ambos!! Com certeza, pelo menos entre eu e meu namorado sim!! Porque já fizemos algumas loucuras sexuais quando estavamos um pouco alcoolizados, e posso te garantir que foi muuuuito bom!!
Bom fim de semana, fica com Deus!!”

fofinha

“Eu adoro um vinho antes me deixa mais desinibida e a vontade claro que ninguém merece transar com um pessoa extremamente alcooliza-da, mais umas taças de vinho antes da relação é miuto bom!”

Então, qual é a real?

Por afrodisíaca entenda “baixa seus níveis de exigência drasticamente”. Desinibir não significa apenas se sentir mais confortável pra conversar com aquela gostosa, significa se tornar mais impulsivo e tomar atitudes que você não tomaria se tivesse condição de pensar não duas, mas uma vez.

No que se diz a performance, assim como em todas as outras drogas que veremos, varia de acordo de quanto você chapou. Bebeu moderadamente, não vai afetar grande coisa, mas convenhamos, quem é que faz isso? Chapou pra valer? Então as coisas podem não ser tão boas. O álcool afeta concentração, coordenação e resposta sexual. Significa que você pode dormir sobre seu parceiro, brochar ou trepar por um longo tempo sem conseguir grandes resultados. Acordar em uma poça de vômito sem saber quem é a pessoa roncando do seu lado também é uma possibilidade.

Cocaína

O que a medicina diz?

Provoca o desejo sexual nas primeiras vezes que é usada, mas geralmente, seguida de depressão. Em forma de pó e aspirada pelas narinas ou injetada, a cocaína com o tempo, acaba com o desejo sexual nas mulheres e compromete a fase do orgasmo. Nos homens, afeta a manutenção da ereção. Pode ocorrer também um efeito contrário, com uma ereção prolongada e muito dolorosa.

O que os usuários dizem?

Anônimo:

“nossa vo ti fala uma coisa....

a mina tem que ser a mulher melancia pá dá tesão...

por que na briza do pó....num dá vontade nem fodendo...”

Euzinha:

Eu sei como eh

o cara BROCHAAAA

MMatthew:

“efeio broxante nao to brincando”

Sharon Stone:

“É louco, mais principalmente pra mulher , agente tem que ter muito cuidados porque sempre tem alguém querendo a proveitar da situação que estamos loucos , pra transarem sem camisinha, então eu falo é bom demais mais tem que usar camisinha.é alucinante até hj não esqueço foi a melhor fodaaa começo no guarujá e terminou na anchieta,.kkkkkkkk

( é o unico que na hora que me ligar eu estou pronta pois foi demais nossaaaaaaa)”

Então, qual é a real?

Essa aqui é bem polêmica. Como você pode ver pelos depoimentos dos nossos colegas, existe uma ala de pessoas que considera o pó um energético físico e mental, e também um turbo sexual.


É, quase isso.

Mas há também aqueles que descrevem a diminuição de potencia em seu órgão sexual com a singela definição de “carne morta”. Talvez, por que ao contrario do que panfletos evangélicos nos querem fazer pensar, os efeitos de qualquer droga não são exatamente os mesmo em todas as pessoas. A cocaína tem uma ação complexa. É estimulante no inicio, mas deprimente após algumas horas. Então, se você vai trepar como uma lebre ou como um panda (pandas não curtem muito o lance, né? É por isso que eles estão em extinção, certo? Eu não consegui pensar em outro exemplo de animal que não curta a brincadeira...) depende da dose que você usou e de como seu corpo vai reagir.

Ecstasy

O que a medicina diz?

Proporciona sensação de bem estar, euforia, e facilidade no relacionamento interpessoal. Apesar da sensação de excitação, acredita-se que pode perturbar a performance sexual.

O que os usuários dizem?

Black Cat:

“Sexo com ecstasy é incrível, mas não diminui o prazer do sexo sóbrio. Não há palavras para descrever sexo com ecstasy, mas não dá pra fazer todos os dias, é muito intenso às vezes”.

Fadi

“Sexo com E é INCRIVELMENTE DELICIOSO. Eu não estou dizendo que E me deixa mais excitado, mas com certeza me faz apreciar o sexo muito mais”.

Vicenzoog01

“Nem tente isso, a não ser que você queira ter uma ereção que dura 6 horas (acredite, começa a doer bastante após 3 horas)”

Então, qual é a real?

O que me surpreendeu na pesquisa foi ver que as pessoas não discutiam se a bala melhora ou piora uma transa, e sim se faz o sexo sóbrio se tornar um tédio pro resto da vida. Então... é, acho que o lance tem alguma mágica.

Esse tipo de mágica

Nem os especialistas sabem dizer quais são os efeitos da droga em longo prazo, por ela ser relativamente nova e de pouco potencial viciante. Então se você a usa com freqüência, parabéns! Você é uma cobaia para o resto de nós. Mas o que sabemos é que os efeitos sensoriais e a euforia produzida tendem aumentam a intensidade da experiência, mas não há algum tipo de ganho de potência. E quanto a essa ereção de 6 horas? Uma palavra: priapismo, cara. Procure um médico.

LSD

Aqui rolou um lance chato. Não existe nada sobre ácidos no site das Garotas de Programa de BH. Parece que viagens alucinógenas não são muito populares na selvagem noite mineira. Por isso tive que recorrer a uma fonte menos segura, um tal de Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas”.

O que a medicina diz?

O usuário de LSD, sob o efeito da droga, tem as sensações centradas no "eu", não dando atenção a nada que não faça parte dele. Assim, caso ocorra um envolvimento sexual, o parceiro passa a ser mero suporte. O usuário não consegue estabelecer um vínculo emocional com seu parceiro.

O que os usuários dizem?

Mo:

“É difícil conseguir uma ereção sob o efeito de ácido, mas se você conseguir uma, você pode transar pra sempre e não ter um orgasmo, como se você não sentisse nada”.

Então, qual é a real?

Como vocês viram, não há muitas aspas sobre o assunto, então há uma certa razão no que diz esse tal de Centro. Aparentemente LSD não é comumente associado com sexo, o que é surpreendente, pois sempre achei que as pessoas gostariam de beijar o céu em meio a uma névoa púrpura enquanto tem orgasmos.

Imagina ver isso com o seu pinto dentro de alguém

Mas novamente, não é tão simples. LSD é uma das drogas mais imprevisíveis e inexplicáveis pela ciência. Ninguém pode dizer se você vai ter uma brisa agradável ou se vai fritar feito Syd Barret, não importa o tamanho de sua dose, nem se é a primeira ou a décima vez que você usa. Fisiologicamente não há nada que te impeça, mas o mais provável é que você prefira refletir sobre a Mãe Gaia embaixo de uma árvore do que tentar ter um orgasmo cósmico.

Maconha

O que a medicina diz?

Usuários costumam sentir maior desejo e o prazer sexual aumentados. Com o uso prolongado diminui os níveis de testosterona e a taxa de espermatozóides. No campo psicológico, acredita-se que o efeito da droga esteja diretamente ligado a expectativa que a pessoa tenha sobre o que vai sentir. Talvez por isso e pela perda de noção de tempo que o usuário de maconha é acometido, faça com que acredite e sinta que o desempenho sexual dele tenha sido melhor e mais prolongado.

O que os usuários dizem?

Lua:

“Eu a usei por 5 anos. e me arrependo muito. o meu ex namo nao tinha muita vontade de tanto que fumava!”

Bauru SP:

“Lá se vão quatro anos e até hoje nada me aconteceu. Mas que inibi a vontade ao sexo isso posso lhe garantir”.

Deconha:

“Maconha não tira vontade de fazer sexo nem deixa brocha. O que pode acontecer é o cara ficar nervoso ou ficar viajando muito e não conseguir ter ereção por motivos psicológicos, principalmente se o cara não tem costume de fumar muito ou ser tímido”.

Então, qual é a real?

Novamente, é mais relativo do que tentam fazer parecer. Algumas pessoas são mais afetadas pela maconha do que outras. Você pode apenas se sentir levemente relaxado ou ficar encarando uma nuvem se desfazendo no céu pela tarde toda. O lance de aumentar o desejo e o prazer é papo furado. É a mesma coisa que o álcool, você fica mais desinibido apenas. Se o efeito for suave, você vai ter uma trepada com sua percepção levemente alterada. Se for pesado, você e seu parceiro têm mais chances de acabar discutindo por horas sobre qual brinquedo era mais legal, lego ou playmobil, do que na cama.

Sobre essa pegada de causar esterilidade... eu não sei, provavelmente decorreria por anos de uso abusivo, eu quero dizer, FUMAR ESSA PORRA TODOD DIA POR UNS 40 ANOS para que algo assim realmente acontecesse. Se eu tenho algum argumento que sustente isso. Bem...

Esse cara teve 11 filhos

domingo, 7 de fevereiro de 2010

BAR DO ZÉ
cerveja self service e vagabundagem

Por Lucas Borges e Luciano Costa - especial para a Agência Lóki.
Fotos: Luciano Costa

Fala diretoria. E aí primo! Como é que tá, amizade?. No Bar do Zé não tem seja bem-vindo e fique à vontade não. O ambiente é descontraído. Ali o cliente se sente em casa.

O estabelecimento em questão fica na Rua Amazonas, uma travessa da Avenida Goiás, uma das principais de São Caetano do Sul. Mas o lugar não segue o padrão da bem freqüentada Goiás. São duas portinhas estreitas, uma churrasqueira visivelmente fora do lugar, um freezer de gelo, três de cerveja. No fundo, um balcão. Ainda mais no fundo, engradados e mais engradados de cachaça e da loirinha.

O balcão tem tudo o que um balcão de boteco deve ter. Uma pia, garrafas de bebida, salgadinhos e amendoins. Só falta uma coisa. O dono do bar. José França Carneiro, o Zé, realmente não se esforça para agradar a clientela. Seu posto é uma cadeira de plástico, logo na entrada. Dali ele não sai pra nada. Bigode e barriga vastos, jaleco azul ou paletó na estica. Suas pernas ficam atravessadas em uma outra cadeira e é preciso tomar cuidado para não tropeçar logo na entrada. Ao passar pelo ‘mestre’, pede-se a benção.

“Fala Zé! Pode pegar uma breja?”. Zé faz um sinal, permanece em silêncio. Quem cala consente. O cliente pega sua cerveja, procura o abridor e os copos, senta na mesa. “Tá em casa garoto!”. Se o cliente quer ser servido pode se complicar. “Vagabundo! Pega a cerveja lá, vagabundo!”, reclama o Zé com um garoto que pedia uma Skol.

Zé contou à Agência Lóki um pouco sobre sua vida. Seus pais, paraibanos, vieram para o ABC paulista e começaram a trabalhar com comércio. Ele ajudou desde cedo. Antes disso, com 11 anos, puxava o carrinho das madames na feira por umas moedinhas. Também chegou a arrumar bicicletas pra ter seus trocados. Mais tarde, abriu seu próprio negócio. Seu pai faleceu cedo, com 57 anos. Sofreu um enfarte. Sua mãe já tem mais de 70. “Mas tá mais conservada que eu”, ressalta Zé.

Ele já se casou duas vezes. Da primeira se separou sem ter nenhum filho. Com a segunda mulher, está junto até hoje. “Quando me casei ela era assim”, diz mostrando o dedo mindinho. “Agora, tá um balão. Só fala em dinheiro. Quer fazer lipoaspiração. Vou ter que pagar”, reclama.

Filho, lipoaspiração. Tem que trabalhar então, né? “Trabalhar...? Não sei o que significa isso não”, fala o dono do bar. “Eu fico sentado aqui olhando o povo beber, só isso”. Quando o movimento não ta lá essas coisas, fica vidrado na televisão. TV a cabo, coisa fina. Seus canais preferidos são os de filmes. TNT, Cinemax, HBO, Telecine.

O gosto pela televisão se reflete no próprio aparelho, de plasma, grande, de fazer inveja a muito bar top. Em dias de jogo, muita gente se reúne ali para torcer. Zé também. São Paulino, grita e comemora os gols do time. Aproveita também para zicar os adversários, principalmente o Corinthians. “Time de vagabundo!”.

A telinha só fica de lado quando a coisa ferve. Não que o Zé tenha que se desdobrar pra atender a todos. Muito pelo contrário. Ele sai da cadeira pra deixar o clima descontraído. Liga o som, coloca um funk. “Som das antigas. Já dancei muito isso aqui quando era muleque”. Gira, rodopia, mostra seu gingado. Parece voltar no tempo. Passa uma morena do outro lado da rua. “O maravilha...vamo toma uma cerveja, boneca”. O homem vira um garoto.

Clientes mostram sua felicidade no Bar do Zé

Zé conta que já curtiu muito a vida. Lembra que não saia das boates. Bebia pra valer. Todo dia fumava um cigarrinho desses que deixa a gente mais tranqüilo. Hoje só fuma de vez em quando. As coisas mudaram.

“Não agüento mais beber não. To fraco”, diz, depois de dar uma golada em uma garrafa de água gelada. “Ressaca né...”. Tinha bebido 13 doses de Maria Mole no dia anterior.

Perto da meia noite, começa a tocar as pessoas pra fora do bar. “Acabou gente, vamo embora! Daqui a pouco vai passar fiscalização aí!”. Pega caixas e vai guardando as garrafas. Faz as contas das mesas e pede pra que os próprios clientes arrumem tudo. Põe pressa em todos. No fim, já baixando as portas, começa a gritar de novo. “Quem vai lavar a louça? Vem alguém aí lavar a louça! Vagabundos ! Seus vagabundo!”.

AQUI É SHOW DE PERERECA!
Pequeno guia para a putaria de baixo orçamento


Descendo a rua Augusta em direção ao centro, vemos pelas ruas hordas de emos e outras pessoas esquisitas. Mas, a partir de certo ponto, tudo muda um pouco. Ao invés de bares hypados, cinemas de arte e galerias, quem toma a paisagem são os neóns das casas noturnas. Emanuele, Love, Las Jegas, Blue Night e tantas outras. Nas portas, os tão conhecidos leões-de-chácara, hoje mais conhecidos pela alcunha de laçadores.

"E aí meu jovem, vamos entrar? Aqui é bucetada na cara!"
"E aí meu filho, aqui hoje tem show de perereca. Pode pegar no peitinho, pode chupar buceta, pode tudo"
"Vem conhecer a mulherada amigo, hoje não paga entrada!"

É só passar em frente às boates que o cidadão é abordado por essas sutis frases. Muitas vezes os laçadores, elegantes em seus trajes, normalmente um social completo de fazer inveja a executivos, abordam até mesmo casais ou turmas com mulheres.

"Aqui é uma balada normal. Acabou de entrar um casal".

Quem duvidaria?

O fato é que, pela rua Augusta, é preciso conhecer um pouco das regras do jogo para não dar uma de otário frente a tão experientes profissionais. A Agência Lóki enviou um repórter para testar os limites da negociação de preços, o costume turco da pechincha, com os leões-de-chácara. Siga nossas dias e obtenha o melhor custo-benefício da putaria.

1 - Peça o desconto

"Hoje estamos cobrando quinze reais meu amigo, e você ainda ganha duas cervejas".

Mentira! O rapaz de terno está te enganando, meu camarada. O preço base para os puteiros da rua Augusta varia entre 5 e 7 reais a entrada e ainda te dá direito a uma cerveja. Não se deixe enganar. Pechinche. Estar com um amigo facilita os descontos. Fale que já foi lá e pagou isso. Minta, eles também mentem. A exceção é o Casarão, onde não adianta lábia. São 10 reais para entrar e pronto. Outra dica - a cerveja no Emanuele é Bavária. A Agência Lóki não recomenda - a cerveja, porque a boate é digna.

2 - Não acredite em promessas

"Pode entrar que as meninas vão rebolar no pau de cada um, de cada um! Tem direito a um strip na mesa!"

É, amigo, não se empolgue. É mentira. Não acredite. E não queira ir cobrar depois. Arrumar briga em boate não costuma ser bom para o cliente. Risco de contas superfaturadas, sacanagem no cartão de crédito e, claro, de porrada na cara.

3 - Puta é puta

Cara. Você pode ir com a cara da mulher, vocês podem conversar e tudo. Tem muita puta legal por aí. Mas ela não vai te dar desconto ou subir pro quarto de graça com você. Sério. Quer dizer: desconto rola. Mas fica a dica de que negociar desconto com muié da vida é cilada. Prefira o serviço bem feito e o valor completo.

4 - Cuidado na fatura!

Se você é daqueles que tem o extrato bancário friamente analisado pela esposa/namorada ou até mesmo pela mãe, cuidado. Ao pagar sua diversão noturna no cartão, você pode ter uma surpresa. Muitas boates utilizam siglas ou nomes bizarros para te ajudar nessa. Mas outros não têm a mesma discrição. Casarão, por exemplo, coloca orgulhosamente seu nome no teu extrato. Assim como algumas outras casas da rua.

5 - Tem 50 mulheres na casa!

Porra. Não precisa nem falar nada, né? Nunca acredite no laçador. A missão dele é te botar pra dentro da boate. Sem compromisso nenhum com a verdade. Os que mais prometem mulherada são os que mais te levam a muquifos vazios e fedidos. E não adianta reclamar, amigo. Pague e vá embora pra outro lugar. Procure conhecer as casas ou pegar conselhos com conhecidos, porque palavra de leão-de-chácara não vale um real.

Agência Lóki

Seja bem-vindo ao blog da Agência Lóki.

O objetivo deste cantinho na internet é trazer novas pautas para o jornalismo brasileiro. Sem hipocrisia e com um pouco de álcool e drogas ilícitas no sangue, os repórteres da Agência Lóki vão se aventurar pelas ruas em busca da informação que te interessa. Notícias e guias envolvendo putaria, cerveja, drogas e outras imbecilidades estão no nosso caderno de pautas.

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